Coisas que a gente aprende a viver sem...

Gostaria de ser um mosquitinho lá no meu passado e "zumbir" a noite no meu ouvido que mais pra frente as coisas iriam melhorar. Que aquela maré interior agitada de problemas e mudanças, iria se acalmar. Não iria tardar muito, eu iria me encontrar. Mas que por enquanto, as ondas precisariam me afogar, para lavar a minha alma do que era desnecessário, e para me ensinar a nadar só.

Sabe, recomeços acontecem quando a gente se permite, por mais cansativos que sejam. Sem ligar muito para velocidade dos acontecimentos. Como uma criança aprendendo a andar pela primeira vez,  dando um passo, e depois outro, e com o tempo lá vai ela seguindo, ganhado confiança e firmeza nos passos. E enfim, o processo se torna bem mais tranquilo e simples. Finalmente pegamos o ritmo. Acenamos com paz para passado. Damos um sorrisinho satisfatório para as lembranças enquanto nos perguntamos "Aquele drama todo foi por isso?"

Afinal quem éramos já não faz diferença no momento presente, e sim o que foi nos construindo ao decorrer da caminhada até chegarmos essa versão que somos. As lições que aprendemos, as músicas que ouvimos, os momentos bons e ruins, e as aventuras que vivemos. A gente perde alguns hábitos, adquire uns novos. Aprendemos a viver sem algumas coisas e pessoas. Cortamos vínculos antigos, criamos novos, renovamos outros. Entendemos que amadurecimento é um processo contínuo.

E assim seguimos, aprendendo umas coisas novas, e esquecendo algumas umas antigas. Uma metamorfose vivida por quem se permite "podar". Remover as ervas daninhas, e cultivar o que é bom. Fazer do coração solo fértil para novos sonhos. Pode custar o tempo, mas a gente aprende a não gostar nossa energia com qualquer problema que aparece, parar em qualquer obstáculo, e se aborrecer com qualquer pessoa que queira infernizar nossa vida. A gente vai aprendendo a investir toda nossa vitalidade em coisas que realmente importam, e aí que a paz vem fazer morada: No deixar as vozes do mundo no mudo.

- Ingrid Ramires